Pois é…Para se sentir à vontade no Tribunal, seja no Tribunal comum ou em tribunais de competência especializada, ou tem uma capacidade nata, ou então terá que se preparar previamente, para além das sua credenciais académicas – O COMPORTAMENTO ADEQUADO ÀS CIRCUNSTÃNCIAS, independentemente da situação em questão, é meio caminha andado “Well begun is half done“.
Sendo perito, designadamente economista, TOC, ROC, advogado (alguns também são testemunhas ou peritos), médico, ou com outros conhecimentos profissionais específicos, saiba como se deve comportar atendendo ao grau e especificidade das suas qualificações.
ASSIM:
1. Reveja as suas qualificações: Você tem um treino académico, uma carreira proeminente (obras e artigos publicados), formação profissional, um conjunto de requisitos de conhecimento específico em determinada área para testemunhar como perito? Enumere as suas competências e capacidades por forma a que os participantes processuais se apercebam da importância da sua perícia.
2. Tenha as suas credenciais em ordem: Apesar de não ser comum questionar a sua capacidade como perito, no contra-interrogatório, tal pode ser questionado.
3. Seja realista: Uma auto-consciência de que é a pessoa certa para aquela perícia é muito importante, pois não se esqueça que vai estar sujeito a contra-interrogatório. Se não se sentir capaz, peça a substituição sugerindo outro perito mais habilitado naquela área do conhecimento.
4. Prepare-se com profundidade: Seja exaustivo, profissional e criativo no seu trabalho de casa. Apreenda todos os aspetos pertinentes da perícia e do caso, respeite todos os protocolos e procedimentos aplicáveis. Analise casos antecedentes e faça uma análise comparativa com o objeto da perícia.
5. Nunca deixe que o Advogado ou quem o indicou, molde o seu relatório e conclusões: Se chegar a um ponto em que se encontra desconfortável com a matéria da perícia ou o seu resultado, diga-o de forma vigorosa se necessário. Sugira uma abordagem diferente que possa ser suportada por metodologias independentes.
6. Fale consigo: Você é o seu melhor juiz e avaliador. Formule questões pertinentes e procure antecipar dificuldades ou pontos menos fortes da sua perícia. Grave o seu depoimento, ouça-o atentamente e veja se no papel do juiz e demais participantes o mesmo é convincente e corresponde ao que foi pedido. Repita este procedimento até se sentir confortável.
7. Na sua exposição em Tribunal:
A. Sempre que possível use recursos audiovisuais – Simplifica a apresentação e torna-a mais fácil de reter.
B. Nunca responda a perguntas ambíguas – Se não consegue responder diga-o abertamente e peça que lhe seja explicada ou reformulada a questão.
C. Mantenha sempre a sua compostura – Se a sua prestação do ponto de vista técnico não apresentar falhas, no contra-interrogatório a estratégia consistirá em desacreditá-lo e destruir a sua autoconfiança. Aliás, quanto melhor a sua prestação como perito, maior será o ataque. Não se preocupe, respire fundo antes de responder, mantenha a calma e deixe que o juiz se aperceba da impertinência do interrogatório.
D. Mantenha a calma – O nosso sistema legal é suscetível a atrasos, adiamentos e outras prolações que podem produzir alguma frustração. Lembre-se de que é um profissional e uma vez no “banco das testemunhas” não deixe que isso o afete.
E. Seja natural e espontâneo;
F. Conheça as suas limitações – Não tente fazer “bluff” quando não sabe a resposta. Não tente adivinhar respostas acerca de áreas que não domina. Isso afeta a sua credibilidade enquanto perito. Afirme não ser da sua especialidade. Lembre-se que existem outros peritos que nessa parte podem destruir a sua prestação.
G. Não seja argumentativo nem se ponha na defensiva – Não adote comportamentos negativos. A sua perícia vai ter pontos altos e baixos, mesmo que seja tentado a usar da defensiva nos seus “pontos mais baixos” não o faça. Lembre-se sempre que na reinquirição os “pontos baixos” podem ser explicados ou amenizados.
H. Lembre-se de quem vai julgar o caso – The last but not the least, dirija a sua atenção para o Juiz, lembre-se que não só o conteúdo da sua perícia vai ser avaliada mas também a sua postura, a sua segurança, o seu profissionalismo. O seu comportamento enquanto perito deve ser apto a influenciar o Juiz a confiar em si.
Pois é. Os conselhos a dar aos peritos também já cá estavam.
Nuno Vitorino
Olá. Efetivamente, caro colega Nuno, tudo o quanto se escreveu à cerca do artigo “Como ser uma boa testemunha”, é extensivo a este, exatamente nos mesmos termos: a base foi extraída de um e-mail, à semelhança de outros artigos que publico; o intróito e as alterações ao que designa artigo da formação, são minhas. E apesar disso, com o devido respeito, e conforme explico no predito artigo, deveriam ser melhoradas,
Caro António
É uma questão de opinião.
Nuno Vitorino