(Artigo editado a 01 – 05 – 2016)
Tal como conchas boiando
No cimo da água mansinha
Assim me fui embalando
Nesses teus braços mãezinha.
Meigos carinhos de mãe,
Amor, ternura sem fim,
Eu sou um pedaço dela
Ela é um pedaço de mim.
Quantas vezes me vi desprovido de minha mãe
Enquanto o pão sorridentemente distribuía
Foi saciando a fome de seus filhos
Porque lhes dava tudo o quanto podia.
Venerava os Santos, santa não era,
Mas tinha o privilégio de ser sincera.
Em muitos momentos a acompanhei, com demasiada veneração,
Era a mãe duma criança
Por força da qual teria de distribuir o pão.
Não sei por que maneira
Me transmitiu conhecimentos pessoais,
Sei que hoje são diferentes,
Pois verifico que não são iguais.
Obriga-me a pensar
Hoje no que hei de escrever,
No que hei-de sentir, no que hei-de falar
É uma MÃE que vive na aldeia
Com três filhos e um marido em que pensar.
Tem espírito de sacrifício, ternura e bom senso,
Pela sua proveniência,
Passa a vida a invocar o Santíssimo Sacramento.
Não me importa a sua devoção
Nem aquilo que ela quis,
Mas gostaria de pensar,
Que um dia se sentiu feliz.
Terá sido ou não,
É uma absoluta incerteza
Espero que o tenha sido
Com os filhos com certeza…
Hoje enlevado na razão
Sinto que o tempo escasseia,
Por forças divinais me convence
Que devo afastar esta ideia.
Mas no fundo com pujança deixo uma nota:
Muitas vezes a vi rezando à Virgem Maria,
Aquela Santa que escutava o que a minha Santa dizia…
Um beijo, com afeto e desprovido de revelação,
Foi assim que transmitiu aos filhos
Porque provinha da sua educação.
P.S. – Dedicado a minha mãe, Arminda Soares Barbosa, presentemente com 75 anos de idade.